sábado, 17 de janeiro de 2009

Honoré, ajuda-me a ser amigo!

Estávamos sentados distribuindo intervalos de silencio e de risos, de nós mesmos e daqueles que passavam na rua, e então ela me disse com aqueles olhos que nem a mais profunda ressaca pode nomear: "Ela é minha Junie! La belle personne, sabe?"
O que me cabia responder no momento era "Sim, eu sei... " mas nada interrompeu meus pensamentos: ela tem namorado... é a sua primeira... você está tão parecida comigo, não quero que você sofra... Otto... Otto...
Até agora não sei por onde vai meu sentimento, se desvanece de preocupação ou se consome-se no vazio dele próprio. Fico com a primeira!
Quando não se tem alguém que te faça roubar uma foto, cantar na véspera do salto ou fugir de balsa... Prendi-me a ela e a todos os cacarecos e mimos que a vontade de ficar junto traz.
Por fim disse sustentando minha excessiva sinceridade: " Sei que você gosta dela, mas tome cuidado! Você entende o quanto é complicado! E é a sua primeira vez... Que você se apaixona por uma... Você conhece sua família! Vai que o namorado dela descobre e resolve 'divulgar' ou pior talvez ele tenha uma tesoura!"
Rimos, ela se debruçou em mim e eu a abracei. De alguma forma eu sentia tudo aquilo, parecia até uma sombra que se esparramava no chão mas que continha toda a anatomia dos amantes.
Abandonei filis, eros e disse em altivo ágape: "Boa sorte!"

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

menina boba essa Catarina

É, Catarina, a lua é bonita, mas os dias são secos. Não vá se animando não. Esses dias secos ardem os olhos e as plantas precisam de mais água. Eu sei que o céu fica bonito, mas você não pode se deslumbrar assim, menina. Você tem que saber aguentar os tempos secos, nem tudo é lua cheia. Ora, não precisa ficar triste, pode-se dizer também que o tempo nem sempre é seco. Mas você não pode pender só pra um lado, minha filha, assim você se engana. Você tem que saber enfrentar o tempo... E saber apreciar a lua, claro, nunca disse o contrário. Sabe Catarina, acho que você passa tempo de mais vivendo só na noite, aproveita o dia também, bota uns óculos escuros, assim seus olhos não se avermelham por conta da secura. Esse ar às vezes fica ruim de respirar e eu quero que você saiba disso para poder lidar melhor com a situação e não para fugir... Oooh menina Catarina, larga a mão de ser boba, sai dessa janela agora que a tua mãe já botou a janta na mesa.

Marcadores:

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Pequena colaboração para o fim dos tempos-drásticos

Os anos sempre passam, inconsistentes em segundos, doloridos em séculos, não importa com que noção de espaço-tempo, eles sempre passam. Uma invasão de um dos ramos da minha existência pode contribuir para uma certa aceitação dessa passagem singular e subjetiva:

"Era como deitar-se na areia
E esperar o mar,
Onomatopaico
Rítmico e choroso
Um embalar para os simples em sonhos
Lentamente,
Salino,
Uma só harmonia inegável e insolúvel:
Fim... Infinito... Fim... Infinito..."

Rígor M.


Mais invasões estão por vir...

domingo, 4 de janeiro de 2009

Forma, desordem, ordem

Um dia você acorda e se vê num relacionamento destrutivo, porém seguro, então vai levando essa segurança até atingir o limite do amor, fazendo com que ele se transforme num simples apoio. Só quando a situação chega ao fundo do poço você vê que não está feliz e assim não da pra continuar. Enche o peito de ar e o coração de coragem. Bota um ponto final e... E tudo fica tão vazio, sem sentido, pequenos buracos, pequenas faltas. A vida continua, sem cor. Fica no corpo aquela mistura de saudade, medo, insegurança e afeto. Não é um caso de paixão devastadora, mas mesmo um amor pacato deixa muitos estragos. Então um dia você acorda cedo para viver sua rotina e percebe que a vida continuou mesmo, entre feridos e feridos ninguém morreu. Aquela vida em preto e branco volta a ser Sua vida. Aquela que você nunca deveria ter colocado na mão de alguém. Aquela que você pegou de volta. O coração está aberto novamente para outras paixões, para outros amores até que você consiga se sentir plenamente feliz. Jamais vai parar de tentar.




Hoje escuto Morrissey, Picadilly Palare

Marcadores:

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

E agora José?

Ano novo, vida nova, gramática nova, mas e você? Você se renovou, reviu conceitos, pensou na vida e tomou suas rédeas para não perder o controle de novo?
É, as pessoas depositam no calendário a responsabilidade da renovação, do recomeço, mas pensando bem o tempo não tem nada a ver com isso. Depositar as esperanças no futuro é uma forma de fugir das responsabilidades (fracasso x sucesso) que o presente nos obriga a enfrentar, prolongando assim os medos. O dia primeiro de janeiro não é sinônimo de recomeço, mas é a prova de que todo futuro se transforma em presente mais dia ou menos dia. 2009 começou e você ainda não parou de fumar, arrumou um namorado, mudou de emprego, emagreceu 5 kgs. Ano novo não faz milagre, mas todo mundo é capaz de se esforçar e conquistar pequenos “milagres” todos os dias.



ouvindo 'Sunrise' da Norah Jones

Marcadores: